Dono de empresa não pode culpar contador por sonegação fiscal

O contribuinte empresário tem o dever de zelar pelo recolhimento dos tributos, bem como providenciar o correto repasse ao Fisco, ainda que contrate serviço de contador. Com este fundamento, a 7ª. Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª. Região confirmou sentença que condenou um empresário do Paraná pela sonegação de R$ 6,5 milhões em impostos federais.

Nos dois graus de jurisdição, não vingou o argumento de que o empresário, por ser agrônomo, não teria conhecimento técnico sobre os tributos a serem recolhidos e que as condutas descritas na denúncia seriam de responsabilidade de quem operava a contabilidade. Também não ficou comprovada nenhuma situação que implicasse a exclusão da ilicitude — como estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de direito.

Segundo o Ministério Público Federal, nos anos de 2003 a 2005, “agindo de forma consciente voluntária’’, o empresário prestou declarações falsas à Fazenda Nacional, promovendo recolhimento menor de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) , Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) , Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e Programa de Integração Social (PIS/Pasep).

Ele foi denunciado com base no artigo 1º, inciso I, da Lei 8.137/90 combinado com o artigo 71 do Código Penal: prestar declaração falsa por mais de uma vez com o objetivo de reduzir o recolhimento de tributos e contribuições.

Declarações falsas

No primeiro grau, o juiz Vítor Marques Lento, da 1ª Vara Federal de Campo Mourão, observou, com base na documentação apresentada, que o réu é sócio-gerente da empresa. É o empresário, portanto, quem toma as decisões, e não os encarregados de outros setores, como queria fazer crer na peça da defesa.

O magistrado também observou que o réu não conseguiu informar o nome do funcionário que, supostamente, seria o responsável pelas questões fiscais na empresa. “Aliás, não haveria razão para um simples funcionário tomar decisões nesse sentido; ou seja, pautar-se pela e para a sonegação fiscal, algo que favoreceria exclusivamente a sociedade e seus respectivos proprietários”, complementou na sentença.

Para o julgador, a situação mostra que houve dolo na declaração de valores inferiores aos escriturados com a finalidade de suprimir tributo. Esta decisão, segundo ele, coube ao gestor da empresa, no interesse desta e dos sócios-proprietários, sem que se possa atribui-la a empregados ou que tenha sido fruto de mero erro.

“Resta comprovado nos autos que a decisão de efetuar o lançamento fiscal com supressão de receitas escrituradas foi do réu, a caracterizar sua condição de autor, à luz da teoria do domínio do fato, ainda que os atos materiais de lançamento tenham sido praticados por seus funcionários”, concluiu.

Dolo genérico

A relatora Apelação no TRF-4, desembargadora federal Cláudia Cristina Cristofani, afirmou que, para a caracterização do delito de sonegação fiscal, basta o dolo genérico, o qual prescinde de finalidade específica. Assim, não são importantes os motivos que levaram o réu à prática do crime.

“Ainda que se considerasse a alegação de que agiu desconhecendo a legislação tributária, certo é que, diante de dúvida sobre o regramento a seguir, não é aceitável que o contribuinte tente se eximir de sua responsabilidade. Caberia a ele o dever de certificar-se junto ao Fisco ou, com o profissional habilitado que fazia a contabilidade de sua empresa, e adotar o procedimento mais acertado, o que afasta, assim, eventual alegação de desconhecimento da ilicitude do fato”, escreveu a relatora.

Com a decisão, ficou mantida a condenação a três anos de reclusão, em regime aberto, e ao pagamento de multa. Na dosimetria, prisão foi convertida em duas penas restritivas de direitos, consistentes na prestação de serviços à comunidade e no pagamento de cinco salários mínimos vigentes à época da execução, além de multa.

 

O QUE É A CONTRIBUIÇÃO SINDICAL PATRONAL?

A manutenção das entidades que representam os trabalhadores se dá

por meio da Contribuição Sindical Patronal. O pagamento obrigatório é

anual e mantém as atividades dos sindicatos patronais, que

representam as diferentes classes trabalhadoras.

As entidades, por sua vez, garantem boas condições de trabalho para os empregados, ajudando a estabelecer diálogo e negociação entre patrões e funcionários.

Quem precisa pagar a Contribuição Sindical Patronal?

 

As empresas que fazem parte de uma ou mais categorias econômicas devem fazer o pagamento. O valor é recolhido em benefício da categoria representativa dos trabalhadores de sua atividade, destinando-se ao sindicato responsável. Se por algum motivo não existir sindicato adequado, o valor vai para uma representação de maior escopo, como federações ou então a confederação responsável pela categoria.

Casos em que o pagamento da contribuição não é necessário:

 

Empresas que não possuam empregados assalariados;

 

Empresas que estejam enquadradas no regime tributário Simples

Nacional;

 

ONGs e outras instituições que não possuam fins lucrativos.

 

Qual a diferença entre a Contribuição Sindical Patronal

e a Contribuição Sindical feita pelo trabalhador?

A diferença é que a Contribuição Patronal é paga pelo empregador, enquanto a outra é paga pelo trabalhador. Além disso a Contribuição Patronal é paga até o último dia de janeiro, enquanto a do trabalhador vence em março.

Como é calculada a Contribuição Sindical Patronal?

 

Como não existe um valor fixo, o cálculo leva em conta o capital social da empresa em relação ao número total de contribuintes da categoria. Ou seja, é um cálculo dinâmico, variável e definido pela própria entidade sindical patronal.

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